quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

O Poder da Gestão pelo Design

Frequentemente, quando falamos de design pensamos em negócios da moda. Mas o design há muito que invadiu todas as indústrias, desde os frigoríficos, às máquinas industriais, dos computadores aos telemóveis, o mobiliário, uma garrafa de vinho ou… um balde para o lixo.

As empresas de hoje lutam para criar produtos que encantem os seus clientes, que vão para além das suas características, da sua performance, benefícios e mesmo além da capacidade desses produtos satisfazerem as necessidades e expectativas dos clientes.

Em resumo, o design está-se a tornar um importante acelerador da rentabilidade e sucesso das marcas e empresas. Hoje não chega simplesmente ultrapassar a concorrência ou competir num mundo em rápida e constante mudança. O gestor de hoje tem que adaptar o seu modelo de gestão e cada vez mais pensar como um designer.

O conflito entre os que pensam e gerem os negócios como designers e os gestores tradicionais é antigo e conhecido de todos. Ainda hoje, muitos gestores olham para os designers como estilistas, criativos, pessoas diferentes e alienadas do negócio. Também os designers frequentemente vêem os gestores como profissionais antiquados, que não procuram emoção no produto e que facilmente sacrificam a qualidade, estilo e factor de diferenciação em busca do lucro previsível e quantificável. Esta diferença essencial parte do padrão de pensamento, forma de estar na vida e do conceito de criação de valor para gestores e para designers. Enquanto os gestores procuram o crescimento e a consolidação do negócio baseados nos modelos de gestão que lhe foram ensinados e que demonstrem larga aceitação e provas dadas no mundo empresarial, os designers perseguem o mesmo objectivo sustentando-se na busca de coisas novas, inovadoras, melhores e diferentes.

A gestão tradicional baseia-se em sistemas mensuráveis fáceis de estandardizar e repetir. Na gestão por design, tudo parte do conhecimento e experiência que os designers têm do mercado, da cultura em que estão inseridos, dos desejos, necessidades e expectativas do potencial cliente. Isto leva-os a ideias inovadoras em cujo sucesso acreditam mas não podem medir ou comprovar. Trabalham ao nível das experiências e das emoções que um produto pode despertar no utilizador. O seu sentido mais apurado é o visual e recorrem à intuição e ao conhecimento que têm do cliente-alvo no seu aspecto interior e social, dos seus hábitos e comportamentos. Procuram criar algo que satisfaça o seu cliente levando a sua criação para além do conhecido.

Se uma empresa quiser de facto beneficiar do design como motor da gestão e da rentabilidade do negócio, contratar excelentes designers não é suficiente. Para atingir uma plataforma de diferenciação, de inovação de despertar emoções e encantar o cliente, toda a organização tem que ter uma atitude pró-criativa, uma consciência orientada para o design, orientada para o encantamento do cliente, para a descoberta do que não existe ainda, para o UAU !

A gestão deve ser capaz de liderar as diferentes forças – gestores e designers – como uma equipa multi-disciplinar e multi-cultural, motivada e focada no sucesso. A empresa deve promover um ambiente de liberdade onde cada um possa seguir a sua intuição, mas ao mesmo tempo medir e avaliar a sua performance. Ao desenvolver esta cultura interna, deve estar preparada para aceitar o insucesso como algo inevitável quando se tenta ir para além da fronteira do conhecido.

O leitor está a pensar como é difícil promover e implementar um modelo de gestão orientado pelo design. Sim, é verdade. É difícil! Não é concerteza o caminho mais fácil e convencional, mas é um caminho que seguramente leva ao sucesso hoje e no futuro.

Veja-se o caso da APPLE, da SWEAR, da BANG & OLUFSEN, da BENETTON e de muitos outros que privilegiam o design como força orientadora e fundamental da sua gestão.

Brevemente, publicarei outro artigo sobre o tema partilhando casos práticos com que tive a oportunidade de lidar.

Entretanto vejam o calçado SWEAR, a bicicleta Biomega da PUMA, os equipamentos Bang & Olufsen, o telefone iPhone da Apple ou a Fabrica da Benetton.

Sem comentários: